NASCENDO E CRESCENDO

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A gente Nasce Pequeno, Mas Cresce. Na Dificuldade Se Fortalece... 


É Não Escolhi O Até Que "A Morte Nos Separe Com Dona Hemofilia, Ela Que Me Escolheu, E Como Pretendo Viver Até 113 Com Prorrogação, Melhor Viver Bem Com Ela. 

 



Nascendo

 Tava Quietinho No Meu Cantinho, do nada escorrego pra fora...
 (...) Tava nascendo...



Chegando em um mundo novo, tá estreiando ali, em vez de banda de música vem um cara de branco me dar tapa na bunda...
(...)  Já  viu hemofilico levar desaforo pra casa? 




Crescendo 

 Mas até que tinha um cara fazendo a maior festa, depois fui descobrir que era meu pai. Sujeito legal pra Caramba.  Também parecia comigo. 


Mas quando comecei a engatinhar manchas rochas começaram a aparecer. Me levaram pra tudo quanto era médico, mas eles não sabiam a razão daquilo. Um deles quiz fazer uma biópsia numa mancha, extrair pra analisar. 




Um dia cai, cortei o queixo. Como Harry Potter venci a morte. E fiquei com uma marca. Mas sangrei muito tempo, fui em todo tipo de médico. Até que souberam de uma clínica nova, particular, meu padrinho emprestou dinheiro pro meu pai. Esse médico que desconfiou de Hemofilia.  



Fiquei umas semanas na UTI e minha mãe não podia entrar. Tirava leite pois eu mamava ainda e as enfermeiras me davam na mamadeira. 

Tomava sangue e plasma. Depois fui levado pra capital. Lá no Hospital Felicio Roxo ( uma das coincidentes sutilezas da vida o nome).  Há, o médico que descobriu a hemofilia Dr. HAIDS  (pronuncia se Raids). 

Em Belo Horizonte confirmada a hemofilia.  

Eu mal tinha aprendido a falar, e fui apresentado a uma médica, que me datilografou recomendações e me disse que eu já era um "homensinho" e tinha de ter juízo e ajudar meus pais. Me entrgou um papelsinho datilografado, que andou com meu pai, depois comigo até pouco tempo atras: 




RECOMENDAÇÕES DA TIA MÉDICA:

● O menor



Superando e Andando

 A médica entre outras coisas veio me dizer que eu não podia correr, pular e brincar. Correr eu não corro, porque ando devagar porque já tive pressa, e ainda dou meus pulos por aí e brincar é  sempre.


Escola

 Eu via minha irmã ir à escola, e era loquinho pra chegar minha vez de ir pras carteiras escolares. Mas meus pais tinham medo, até tive uma professora particular. Mas queria aquele lance de uniforme, recreio  com merenda e etc. Porém só fui matriculado um ano depois. 

E apesar dos medos foi tranquilo. 


 O começo...  Mas tudo se ajeitou depois. Eu queria muito fazer amigos, não tinha liberdade de brincar na rua como os outros garotos. Só que a forma como falaram que eu tinha hemofilia pra escola inteira não deu muito certo. Os colegas acharam que aquilo pegava. Me senti o Gasparzinho, todo mundo correndo de mim. Logo porém tudo se ajeitou.  



 Minha hemofilia foi  meio de fases, o começo com a descoberta, dos 5 aos 9 foram Hemartroses nos tornozelos, que se alternavam entre o pé  direito e esquerdo. Duravam uma semana até eu voltar a andar. As vezes ficavam 6, 9 até 10 meses, mas do nada lá vinha dona hemofilia.  Eu andava chiando pelo chão.
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Nos intervalos sorriamos pra viver. Até quase esquecia-nos da velha senhora. Viajávamos quando dava, íamos acampar. Como dizia Henfil, viver é uma tarefa urgente. Quando Dona Hemofilia estava de folga a gente corria pra aproveitar ao máximo.

E contava os dias pro meu aniversário, minha madrinha sempre vinha, almoçava com a gente, minha mãe fazia o bolo, uma delícia. 



Não era festa chique, simples, só parentes e alguns amigos, mas muitos acepipes deliciosos: pastel frito, cocaína, capetinha (espetinho de presunto com queijo), croquete e meu pai fazendo churrasco, e Humm..  docinhos .




Uma vez minha mãe resolveu encomendar o bolo. Uma vizinha foi buscar no centro da cidade. Me levou, eu tinha uns 6 anos. Essa amiga comprou um picolé da Kibon pra mim. E brincado com palito na boca machuquei  o dente. A festa teve de esperar. Mais uma corrida maluca pra capital por causa de sangramento. Festa adiada pro dia seguinte.





Dona hemofilia deu uma trégua de quase mais de um ano. Tinha hematoma, dedinho do pé que batia, mas Hemo  (hemorragia mais relevante não). E começou uma sequência de Hemos, num tornozelo, forçava outro lado, lá foi o joelho, forçando a braço pra apoiar, tornozelo, direito depois esquerdo, foi então outro tornozelo, ombro, no fim todos juntos e não paravam. Em 84 tinha aparecido a notícia que a AIDS tava contaminando hemofilicos. 

Fiquei sem tratar por medo. Agora dona hemofilia tinha me pego de jeito. Fiquei com forte anemia. Um dia desfaleci. Aí não teve jeito - corre pro hospital da minha cidade. Não tinha recurso, mas a médica explicou que o tratamento já era seguro com fator com motivação viral. Mas só na cidade de Belo Horizonte.  Fui levado primeiro pra Ipatinga a 50km. Plasma e sangue. 

Depois fomos pra capital e conheci e fui atendido pela primeira vez na Hemominas.  Até então, antes do advento da Aids eu tratava no Hospital Felicio Roxo e Carlos Prates. 


Comecei a me tratar na Hemominas a partir dai. Nova tregua de quase mais de um ano da dona hemofilia.  Até que tua artrose veio morar com a gente. Mas isso é  outra história 

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