HISTÓRIAS COM DONA HEMOFILIA

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parte dois

A CAMINHO DO SOL
Maxi Anarelli

Não Nego Que Tive Turbulências, Mas... Elas Não Me Impediram de Voar... 

A amiga Anita, mãe do Jorge, um pequeno garoto com hemofilia, não escolhemos a hemofilia, ela nós escolhe. Segunda essa mãe, quando a enfermeira veio e lhe perguntou o que era hemofilia, ela não fazia ideia do que era aquilo...
Fui aprender mais sobre hemofilia com o amigo Maxi, que me convidou, venha e veja o mundo da hemofilia com novos olhos - diz Anita.
Hoje o Jorge nem vai sonhar com parte do que vivemos nas décadas de 80 e 90. Quando a gente não tinha dose domiciliar e  só controlava as hemorragias com o fator, quando tinha alguma, tinha de viajar 180 km pra capital.

Dona hemofilia é uma bruaca, e adorava aprontar - deixava pra aparecer a noite. Tinha de esperar o dia seguinte, com a dor aumentando.... ouvia a radio Bandeirantes, que era de notícias - ajudava a passar o tempo. A 1 hora da madrugada, começava o programa, Bandeirantes a caminho do sol - passou a ser um marco. Começava com a música amanhã do Guilherme Arantes.
"Amanhã, será um novo dia, da mais louca alegria, que se possa imaginar... amanhã, recobrada a força... pra cima que não cessa, a de brilhar... "
Eu então sabia que, metade da noite tinha ido.... eu contava os minutos pra amanhecer e eu viajar.
Tive noites em claro, mas pelo menos tive a companhia das estrelas e podia ver o nascer do sol.
Hoje ainda acordo as vezes no meio da noite, levanto, vou a geladeira, faço fator e um lanche da madrugada e volto a dormir.... por que o amanhã, de ter a dose domiciliar, hoje se tornou realidade. 

POR  MAXIMILIANO ANARELLI


VIAJANDO, FAÇA DO SEU CAMINHO UMA VIAGEM
Maxi Anarelli

Me trato na capital, que fica a 180 km da minha cidade, mas a distância não é problema se sua cabeça voa a mil por hora....

Aprendi a valorizar as pequenas coisas da vida, e como já contei, a tentar tirar algo positivo de tudo. t Me tratando a 180 km de minha cidade, tinha duas opções, reclamar, ou aproveitar a viagem.
Dona Hemofilia  é aprontadeira. Gosta de fazer surpresas. E muitas vezes  tive de correr por conta de hemorragias inesperadas, quando ainda não havia a dose domiciliar... 

Ia e voltava rápido. Com dor muitas vezes. E quando bem pequeno, e na primeira viagem, fiquei mesmo com dor, encantado com a cidade. Vi de relance Belo Horizonte, a imagem do Cine Teatro Brasil e Hotel Brasil Palace e todo conjunto da Praça Sete me fascinaram, assim como aquele movimento de milhares de carros, bem diferente de Timóteo.  Prédios que desafiavam os céus, contrastavam com outros centenários que pareciam saídos de contos de fadas. 


Meu pai me prometeu que voltaríamos em dias melhores. E assim foi feito. Vaiajei muito na minha infância de trem a passeio pra Belo Horizonte, e foram muitas corridas malucas também. 

E se tinha de viajar pra me tratar a 180 km, melhor aproveitar a viagem...

Viajo de madrugada, me embala o balanço do ônibus e as curvas da rodovia BR 381, vou dormindo da meia noite e meia as 5 horas da madrugada. Na rodoviária, gosto de observar o vai e vem e imaginar as histórias de vida que circulam ali... bons personagens pras minhas histórias. O dia amanhece e vou a minha segunda casa a Hemominas...  Revejo amigos, e faço exames e consultas... na volta, a pé a caminho da rodoviária, vou visitando centros culturais e museus, observando o vai e vem de pssoas e a paisagem.... fotografando, outra de minhas paixões.

Quando o dinheiro da, blogueiro e escritor não tem lá grandes fortunas, fico em um hotel da década de 50. Meu hotel bem assombrado... e ai a viagem ganha mais histórias... mais ai já é outra história....

 FELIZ, SIMPLES ASSIM
Maxi Anarelli

Viver é uma tarefa urgente, já dizia Henfil, vamos ser felizes, é o que importa...

 Não tenho tudo que quero. Mas tenho tudo que preciso. Muitas vezes colocamos a perspectiva de nossa felicidade no quando. Quando ficar rico serei Feliz. Quando conseguir isso ou aquilo. Mas pequenos prazeres e sensações podem trazer a felicidade. A felicidade depende de você. 
Viva e aproveite cada minuto.

(não havia tratamento para hemofilia, como temos hoje)
Dificuldades a gente enfrenta, problemas a gente resolve, limites a gente supera, e hemofilia.... hemofilia a gente vence... 

 SONS DA HEMOFILIA
Maxi Anarelli

Se meus joelhos não doessem mais, diante de um bom motivo, que me traga fé.... 

A música sempre teve papel fundamental na minha relação com a hemofilia. 


O Rappa e NX Zero parecem bandas hemofílicas. As letras parecem feitas pra nós guerreiros de sangue. Como em, " Histórias nossas histórias, dias de lutas, dias de glórias".... É a letra da minha vida. 
Essa semana tem sido de lutas. Me fortalece lembrar das glórias do passado, vitórias e conquistas, que vieram depois de  guerras e lutas. A vitória sobre a dificuldade se torna um troféu.  que viraram glórias, pois as superei. 

Trabalhando, Com Joelho Travado por dona artose. 

Uma vez tive uma hemorragia no músculo psoas, que me deu férias forçadas de uma semana no maior pronto socorro de Belo Horizonte.  Dias difíceis, em que vi a vida e a morte de perto, e que  Aprendi muito sobre a vida e a morte. 

A quem critique minha filosofia de sempre tentar  tirar algo positivo de tudo. As vezes não é fácil mesmo.  Eu já tinha essa visão, quando li o livro Pollyana.  A garota otimista e se fé, dizia que em tudo havia algo bom. Tudo acontece pra melhorar a vida da gente. A morte do pai foi um baque, e ela teve de ir morar com a tia malvada. Mas ela se manteve firme, até que, atropelada ela fica em uma cadeira de rodas.

Não vou contar o final do livro. 



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